sexta-feira

Peixinho Amarelo

Numa bela casa de campo havia um enorme aquário. Nele moravam vários peixinhos, cada qual com sua função: uns limpavam vidros, outros pedras; uns montavam patrulha de dia, outros à noite; alguns tinham mais facilidade de encontrar comidinhas gostosas; outros gostavam de ajudar os peixinhos mais velhos. Todos viviam em harmonia.

De repente chegou, não se sabe de onde, um peixinho amarelo, bicudo, parecia mau humorado. Por não ser conhecido e ter aquela aparência nada simpática, logo foi colocado de lado pelos outros moradores.

Sem função, sem trabalho, sem objetivos e sem amigos, o peixinho começou a ter comportamentos estranhos. O isolamento deixou-o triste, tenso, sem esperança. Pensava consigo próprio:
- Por que será que todos me evitam? O que eu fiz? Será que é minha aparência? Gostaria de dizer a todos que eu não sou sisudo, antipático. Eu nasci assim, mas eles não me dão uma chance!

O peixinho amarelo poderia ser mais enfático, aproximar-se das rodinhas de amigos, ajudar os mais velhos a encontrar comida, mas não se sentia à vontade para forçar nenhuma situação. Pensava que os outros deveriam lhe dar uma chance, afinal de contas, ele era o novato no pedaço.

Aquela situação foi se agravando e vários pensamentos – nada agradáveis – passaram pela sua cabeça. Até que um dia o peixinho amarelo decidiu acabar com o sofrimento, suicidando-se!

Decidido, nadou rápido e tentou saltar para fora do aquário. Uma, duas, três vezes. Nada conseguiu. Após dezenas de tentativas ficou enfraquecido; sentiu-se humilhado, sem conseguir alcançar nenhum dos seus objetivos. Estressado e desgostoso, ficou dias sem comer ou nadar. Encostou-se em um canto e, após uma semana, morreu.

Do lado de fora do aquário Dona Aranha olhava tudo e avaliava a situação:
- Para ser feliz às vezes é preciso apenas uma pequena função e um pouquinho de atenção. Para isso é preciso buscar sua própria chance.


Podemos pensar em outros finais para essa estória:

1. O peixinho amarelo, depois de algum tempo, conseguiu se fazer notar pelos colegas. Como "prêmio", sua imagem diante de todos, mudou. Os peixes compreenderam o impacto do “novo”, aceitaram o peixinho amarelo na comunidade e viveram felizes para sempre.

2. Depois da primeira tentativa de suicídio o peixinho vermelho, sensibilizado, aproximou-se do amarelo e viu que este precisava de ajuda. O aquário reuniu-se em solidariedade e resolveram dividir alguns afazeres. Sentindo-se útil o peixinho amarelo viveu feliz em seu novo lar.

3. Por mais que tentasse, a comunidade não permitia a integração do peixinho amarelo. Todos se sentiam ameaçados com a nova presença. “Será que ele limpará o fundo melhor do que eu?”, pensava um. “Não vou permitir que ele cuide da segurança do aquário. É minha função!” comentava outro. Com paciência e tenacidade, o peixinho amarelo mostrou que não estava ali para competir com ninguém, e sim para se integrar, viver em grupo, fazer amigos e descobrir um trabalho que o fizesse feliz. E, após longos meses de adaptação, todos viveram felizes na comunidade.


Acredito que todos nós já fomos – ou seremos – peixinhos amarelos. O final depende não apenas do meio ambiente e das pessoas que nos cercam, mas principalmente da forma como convivemos e lidamos com as diferentes situações. Vale a pena procurar sempre o melhor final, o mais feliz!


Pense nisso. Abs!
 
Foto http://www.sxc.hu/

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