
http://japao100.abril.com.br/perfil/42/
Há quase dois anos escrevo para uma revista e site nipo-brasileiros. São publicações em português voltadas aos brasileiros que vivem no Japão. A revista “Gambare!” (lê-se /gambarê/) é encartada no “Jornal Tudo Bem”, distribuído nas cidades onde a maioria dos brasileiros costuma morar.
O convite partiu de uma amiga, Paula Moura, que hoje mora no Japão. Nada escrevi no primeiro semestre e agora retomo minha coluna. Para você acompanhar colocarei os textos a partir de então (este sairá na edição 156 da Gambare!). Com tempo publicarei antigos, ok?
Ah! Gambare, segundo o que me lembro dos comentários de Paulinha, é uma interjeição de energia, vitalidade, força, esperança. Algo como: “vá adiante!”, “siga!”, “força!”.
Bjoks e até breve!
Retomar e Reviver
O que puderes fazer pelo outro, faças enquanto ele vive.
Suzana Failde
Há alguns meses pedi “tempo” aos editores da Gambare!. Minha vida andava em processo de mudança desde outubro de 2007 e, além do tempo exíguo, minha concentração estava em apenas uma direção.
Suzana Failde
Há alguns meses pedi “tempo” aos editores da Gambare!. Minha vida andava em processo de mudança desde outubro de 2007 e, além do tempo exíguo, minha concentração estava em apenas uma direção.
Essa mudança foi a mais radical da minha vida até hoje: minha mãe foi morar em outro planeta. Apenas três meses foram necessários para que a vida de várias pessoas virasse de ponta cabeça. Tivemos que rever valores, descobrir outros, mudar formas de pensar e agir, crescer muito em pouquíssimo tempo. E ainda falta muito.
Pensei sobre o que falar nesta retomada do meu papo com você e vi que nossos momentos podem ter muito em comum. Você está do outro lado do globo, talvez longe de sua família “original”, pessoas queridas, lugares conhecidos, tendo que se adaptar a uma cultura diferente, fazer novos amigos e conquistar o direito a uma família nativa.
Certamente você fez e ainda faz sua revisão de valores e é natural descobrir que algo que está longe faz mais falta do que quando se sabe que está perto. Os ouvidos demoram a captar o som melodioso e amigo daquela voz especial. Os abraços gostosos, quentes e ternos são “substituídos” por outros, não iguais, mas que podem muito ajudar. As conversas, intermináveis e maravilhosas aos poucos cedem lugar a novos diálogos também interessantes e contributivos.
Ficar longe de quem amamos requer muita estrutura, coragem, equilíbrio, sabedoria, além de boas doses de aceitação, compreensão e capacidade de resiliência (saber cair, levantar e retomar).
Desde o início do ano uma amiga muito querida mudou-se para o Japão. Fascinada pela cultura desde pequena, essa mineirinha não é nissei, nem sansei... é “não sei”. De oriental tem mesmo é a admiração. Mudou-se para a cidade grande para estudar jornalismo... e japonês. Trabalhou com orientais e lutou pelo sonho de viver essa experiência fora de casa. Conseguiu.
Paulinha está feliz por ter conquistado seu grande objetivo até agora. Vive com amigos de trabalho, tem sua “estrutura familiar nipônica”, passeia, diverte-se, é feliz. Apenas... falta algo bem lá no fundo e parte disso é suprido com telefonemas, e-mails, orkut e MSN (benditas ferramentas!). Ela sabe que sua vida não será a mesma e vibra para aproveitar todos os momentos de seu “ano japonês”.
Oportunidades passam diariamente em nosso caminho. Você está fazendo isso, então absorva o melhor.
Abra-se para as pequenas coisas ao seu redor. Reconheça-as, abrilhante-as, absorva-as. Quanto às grandes coisas, aja: encare-as, decifre-as, instigue-as.
Permita-se crescer em meio ao tsunami, pois nas tempestades já aprendemos. Fortaleça-se de boas energias. Faça sua cabeça; seja mais animado, interessado, comprometido, responsável pela sua própria felicidade.
Como Paulinha, como você, sou feliz. Tenho sonhos, oportunidades, amigos, família. Falta, claro, aquele aconchego especial que jamais será substituído. Também não deixou de existir. Transformou-se. Cabe-me compreender essa nova linguagem, essa nova comunicação, um novo “estado de ser”.
Ninguém falou que seria fácil, nem tampouco impossível.
Paulinha, você e eu podemos. E conseguiremos.
Pense nisso. Abraços e paz profunda!
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