segunda-feira

Esperança x Expectativa


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Olá!

Depois de um tempinho afastada do blog, leia o artigo enviado para a revista "Gambare!", edição 160.


Anos atrás ouvi, em uma entrevista de rádio, um profissional dizendo que havia aprendido a se desvencilhar das expectativas e das esperanças. Afirmava que, dessa forma, conseguia ser mais harmonioso em suas relações, exigir menos das pessoas e “ganhar” sempre, pois “sem expectativas, tudo o que vier é lucro”.

Por anos fiquei com isso na cabeça e no coração. Como é possível viver sem expectativas ou sem esperança e dizer-se feliz? Vamos falar um pouco sobre isso.

O dicionário Houaiss diz que esperança é “sentimento de quem vê como possível aquilo que deseja; fé”. Sobre expectativa: “situação de quem espera a ocorrência de algo; probabilidade”.

Imagine a cena: quero chegar em casa e ser recebida com uma taça de vinho; meu marido, entretanto, teve um dia frustrante e o máximo que faz é dizer “oi” sem sequer sair do sofá. Fico nervosa, pois tinha “certeza” que seria recebida como imaginei. Isso é expectativa: colocar no outro, na situação, algo que é minha necessidade ou desejo, e quando não acontece fico frustrada ou triste.

A mesma cena compreendida de outra forma: cheguei em casa, o que imaginei não se concretizou e, ainda por cima, meu marido precisa de minha compreensão e aconchego. Penso: “vou pegar duas taças de vinho para relaxar e conversar”. Isso é esperança: algo que eu esperava ocorrer de uma forma aconteceu de outra, e mesmo assim é bem-vinda.

Na vida profissional encontramos mais expectativas e menos esperanças. Acontece quando a promoção não vem ou quando um projeto não é valorizado, sequer avaliado. As frustrações são enormes quando colocamos no outro, nas circunstâncias, no país, algo que é meu.

Quando as expectativas se acumulam tendemos a ficar cada vez mais frustrados, tristes e embrutecidos. Se eu exigir que o outro adivinhe meus pensamentos e desejos, vou sofrer cada dia mais; minhas necessidades ficarão mais distantes de serem supridas. A expectativa é assim: acabamos depositando no outro algo que é nosso e exigimos que aconteça. A esperança tem outro peso: confiança, crença, fé.

Tendemos a misturar expectativa com esperança e há uma “receita” para impedir isso: considerar a expectativa como um pensamento e a esperança como um sentimento. A racionalização (expectativa) pode nos impedir de melhor aproveitar o que a vida oferece (esperança). O pensamento (expectativa) pode ser direto, focado, inflexível, enquanto o sentimento (esperança) tende a ser aberto, abrangente e flexível.

A expectativa paralisa, enquanto a esperança move. A expectativa retira, a esperança agrega. A expectativa é anêmica, a esperança é nutritiva. A expectativa chora, a esperança sorri.

Se você se sente frustrado, com a sensação que ninguém lhe compreende, talvez seja hora de repensar seus conceitos e verificar se você curte sua própria vida ou espera que alguém lhe dê o que deseja. Viver de expectativas e ainda por cima depositadas no outro, não é saudável e certamente não traz crescimento nem felicidade.

Se você lida bem com suas expectativas, parabéns! Continue assim, sem permitir ser dominado por interesses que estão focalizados mais no outro do que em você mesmo.

Se você lida bem com suas esperanças, excelente! Faça com que sua crença e fé tenham o tamanho exato de suas necessidades. Com isso você se sentirá mais feliz e realizado.

Pense nisso. Abraços e paz profunda!

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