sexta-feira

Seja transparente



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Acabo de ler o texto abaixo (reproduzido na íntegra) de Denis Russo Burgierman, que você encontra na Revista Vida Simples, agosto/2008. Decidi colocá-lo no blog pois, além de ser simples e direto, faz parte de nosso dia-a-dia esquecido. Acompanhe!

Outro dia fui fazer um curso de negociação. A professora explicou uns conceitos teóricos e depois pediu para a gente fazer um exercício prático. Era assim: metade fez papel de empregador procurando funcionário. E aí tínhamos que negociar para saber salário, férias, cidade onde iríamos trabalhar e coisa e tal.

Algumas dessas negociações eram complicadas. Por exemplo: salário. Claro que, para o empregador, quanto menos, melhor. Para o empregado é o contrário. Não tinha jeito de os dois ficarem muito felizes, tinha que ser um meio-termo. Mas algumas outras eram muito simples. Por exemplo: os funcionários preferiam trabalhar em Nova York (mas os empregadores não sabiam disso). E os empregadores também preferiam que os funcionários trabalhassem em Nova York (mas os funcionários não sabiam disso). Ou seja, era só escolher Nova York e todo mundo saía ganhando. Pois você acredita que teve gente escolhendo Chicago, Boston?

Por quê? Porque a gente tem a mania de, quando entra numa negociação, já de cara achar que o sujeito do outro lado quer te ferrar. E nem sempre é assim. Às vezes, os dois querem a mesma coisa, mas ninguém conta ao outro. Ficam os dois guardando segredo, em vez de serem claros, achando que assim levam vantagem.

Pois cada vez mais tenho certeza de que, se todo mundo for mais transparente, todos vão levar vantagem. Um monte de empresas está percebendo isso. Eles estão autorizando seus funcionários a falarem aberta e publicamente sobre o que os incomoda. Por exemplo, criar blogs reclamando das próprias empresas. Estão percebendo que a crítica pública, olho no olho, pode
até dar mais trabalho, mas é mais vantajosa que fofoca velada no corredor, que corrói relações e deixa todo mundo no fim odiando a empresa.

As empresas estão percebendo que os consumidores adoram essa transparência. Que a melhor coisa para elas é assumir seus erros e suas fraquezas publicamente. Isso cria uma relação de confiança, fidelidade. E, afinal de contas, nestes tempos de internet, nenhum segredo será mesmo mantido.

Também os governos estão percebendo isso. Em muitos países, há um incentivo a que membros do governo critiquem e vigiem outros membros do governo. E o presidente em geral tem que
dar a cara para bater – por exemplo, entrevistas coletivas francas e abertas toda semana. No Brasil, país de tradição autoritária, essa tendência, claro, demora muito a chegar.

E a transparência não é só conversa de política e negócios. Também nas relações pessoais está se provando a melhor atitude. Quantas pessoas gastam anos se torturando com amarguras, birras e ódios que poderiam ser resolvidos em cinco minutos de conversa franca? Só precisa de coragem. E viver com coragem é muito mais legal.
Depois dessa leitura, naturalmente algumas perguntas surgiram em minha mente. Deixo-as aqui para você refletir sozinho(a) ou com seu grupo de trabalho:
  • Guardo mágoas não reveladas, ou seja, não dei chance a mim e ao outro de “consertar” isso, falando abertamente sobre o que me corrói?
  • Com qual freqüência evito conversas francas, abertas e reveladoras?
  • Sei conversar abertamente, que inclui saber falar, como falar, em qual momento falar?
  • Dou oportunidade aos outros de se aproximarem?
  • As pessoas ao meu redor conhecem meus interesses, intenções, gostos? E eu, conheço os deles?
  • Quais aprendizados posso obter sendo mais transparente e permitindo o mesmo ao outro?
De forma geral, perguntas sobre nós mesmos são difíceis de fazer ou mesmo responder. Em contrapartida, é uma excelente forma de ampliar o autoconhecimento. Questione-se, pergunte, indague aspectos de sua vida. Cutuque-se! Instigue-se! E cresça!

Bjoks e até breve.

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