segunda-feira

Entrevista - Como reconhecer e lidar com colegas nocivos no trabalho



Olá!


A matéria publicada no UOL pela jornalista Heloísa Noronha, baseou-se na entrevista que você acompanha abaixo, na íntegra.


Bjs e até!



Quais são as características básicas de um colega manipulador? Como lidar com ele para neutralizar esse comportamento? E o que nunca fazer?

O manipulador sabe (ou pensa que sabe) como lidar com cada pessoa. Atenta-se ao vocabulário, à forma de se comunicar, aos interesses e, principalmente, aos sentimentos do outro. Também adora usar a “técnica de vítima”, passando-se por uma para conseguir o que quer. Quase dá para ouvir os “risinhos interiores” de satisfação quando consegue seu objetivo!

Para neutralizar esse comportamento uma das palavras da atualidade – blindagem – é importante.  Isso quer dizer observar bem o indivíduo; o que faz com os outros certamente fará conosco. Evitar deixar-se levar por lamúrias, desconsiderar a extrema empatia (ele concorda com tudo, coloca-se no nosso lugar com extrema facilidade, valoriza qualquer posicionamento mesmo que não concorde), ou seja, praticar a dúvida: será que ele sente / vê / concorda mesmo com tudo o que eu falo?

Em ambiente organizacional onde qualquer desavença pode comprometer o bem estar e os resultados de todos, é politicamente adequado manter o relacionamento em patamares amigáveis, sem se envolver demais (ou nada). Manter o diálogo necessário e posicionar-se. Um manipulador desvia dos assertivos e seguros; fazem parte de suas “fontes de trabalho” a insegurança e a indecisão.


Quais são as características básicas de um colega invejoso? Como lidar com ele para neutralizar esse comportamento? E o que nunca fazer?

Mais dia, menos dia, o invejoso deixa transparecer. Portanto, se o profissional ainda não observou a inveja, certamente notará.

O invejoso pode desdenhar do “alvo” ou calar-se, porém a energia negativa nunca vai embora. São comuns comentários como: “você sempre tem tempo para tudo, como consegue?” ou “minhas unhas nunca ficam lindas como as suas”, repletos de energia negativa ou até vingativa. Os olhos parecem saltar pelas órbitas, o riso (não sorriso) é amarelo, sem graça ou por vezes inexistente, em situações onde seria bem-vindo.

É importante separar comentários das pessoas que se importam verdadeiramente e admiram o profissional, dos invejosos. Tempo e observação são reveladores.

Para neutralizar o comportamento e a energia de um invejoso, manter “distância segura” pode ser a saída. Falar só o básico, evitar comentar sobre a vida pessoal. Agradecer quando o invejoso “elogia” pode ajudar no distanciamento, porque ele vai se cansar. Se os “elogios” são frequentes demais, redirecione: “faço minhas unhas no salão X com a manicure Y. Ela é ótima! Vá lá e suas unhas ficarão como as minhas!”

Nunca, jamais, em tempo algum dê “munição” para o invejoso, por isso manter distância segura, discrição em sua vida profissional e, principalmente pessoal, é vital.

Quais são as características básicas de um colega fofoqueiro? Como lidar com ele para neutralizar esse comportamento? E o que nunca fazer?

O fofoqueiro é perigoso por que é falso. A fofoca é ótima para o fofoqueiro, porque em algum momento alguém vai acreditar nele e o fará sentir-se poderoso, foco das atenções. E a atenção, mesmo que negativa, pode ser melhor do que ser ignorado por completo. Este é um dos motivos que “movem” os fofoqueiros: inconscientemente, é preferível ser visto de forma negativa do que não visto.

Para que o fofoqueiro exista é necessário alguém que lhe dê liberdade e ouça suas fofocas. Portanto, evitar ou mesmo cortar esses diálogos desviará a atenção do fofoqueiro. A lição das “3 Peneiras” de Sócrates é uma resposta de fácil aplicação, verdadeiramente. Eis a parábola:

Um homem foi ao encontro de Sócrates levando ao filósofo uma informação que julgava de seu interesse:
- Quero contar-te uma coisa a respeito de um amigo teu!
- Espera um momento – disse Sócrates – Antes de contar-me, quero saber se fizeste passar essa informação pelas três peneiras.
- Três peneiras? Que queres dizer?
- Vamos peneirar aquilo que quer me dizer. Devemos sempre usar as três peneiras. Se não as conheces, presta bem atenção. A primeira é a peneira da VERDADE. Tens certeza de que isso que  queres dizer-me é verdade?
- Bem, foi o que ouvi outros contarem. Não sei exatamente se é verdade.
- A segunda peneira é a da BONDADE. Com certeza, deves ter passado a informação pela peneira da bondade. Ou não?

Envergonhado, o homem respondeu:
- Devo confessar que não.
- A terceira peneira é a da UTILIDADE. Pensaste bem se é útil o que vieste falar a respeito do meu amigo?
- Útil? Na verdade, não.
- Então, disse-lhe o sábio, se o que queres contar-me não é verdadeiro, nem bom, nem útil, então é melhor que o guardes apenas para ti.

Depois dessas três perguntas o fofoqueiro vai mudar seu foco, certamente, porque não há continuidade em seu comentário.

Por vezes pode ser necessário ouvir a fofoca (de um gestor, por exemplo), porém sem dar continuidade. Assim a fofoca começa e, ao menos com esse ouvinte, finaliza.

Há uma terceira opção, mais impositiva, de enfrentamento. Ao final ou mesmo antes do término da fofoca, assinalar que se trata de uma suposição, questionar os fatos a respeito do comentário ou mesmo alegar que se trata de um julgamento pessoal do fofoqueiro.

A fofoca é um dos comportamentos mais fáceis de neutralizar quando se tem equilíbrio, assertividade e segurança. O fofoqueiro precisa de “plateia”; quando não tem, perde o poder.

Quais são as características básica de um colega falso? Como lidar com ele para neutralizar esse comportamento? E o que nunca fazer?

A falsidade pode conter inveja, fofoca e maldade. Como o invejoso e o fofoqueiro, mais cedo ou mais tarde o falso é revelado.

O indivíduo que pratica a falsidade o faz quando percebe vantagens para si, quer sejam imediatas ou não. Há indivíduos com extrema paciência, capazes de aguardar anos pelo seu objetivo. Nesse tempo “mina” relações, pratica a mentira, ignora a ética e o respeito ao outro.

O falso é o indivíduo “perfeito”. Essa é uma boa dica: perfeição não existe, então há algo de “errado”. Ninguém é 100% centrado, equilibrado, feliz, competente, ouvinte, flexível, compreensivo, por exemplo. É comum o indivíduo falso ser extremamente equilibrado, pois precisa manter a imagem criada.

O tempo também é revelador. Falsidade é mentira que, mais cedo ou mais tarde, é revelada.

Como comportamentos para neutralizar a ação e o poder do falso, temos:

  • Evitar “entrar” na conversa, não aceitar a falsidade. Se no momento é necessário ouvir, não dar continuidade à argumentação é a saída.
  • Em caso de dúvida se a informação ou comportamento são falsos, abster-se de comentários e praticar a observação; ir atrás dos fatos é fundamental.
  • Trabalhar ou conviver com um indivíduo falso é desgastante. Serenidade, alegria e o bom humor costumam afastar ou enfraquecer a falsidade.
  • Praticar a transparência, com bom senso. Em ambientes harmônicos, equilibrados, respeitosos, éticos, o praticante da falsidade não encontra espaço.


Quais são as características básicas de um colega queixoso? Como lidar com ele para neutralizar esse comportamento? E o que nunca fazer?

Quem se queixa está acostumado a fazê-lo porque tem “eco”, alguém sempre ouve suas lamúrias. Existem vários tipos de queixas e, se todas forem esmiuçadas, a essência mostrará apenas uma direção: baixa autoestima, autoconceito e/ou autoimagem.

Aquele que se queixa de tudo e todos “passa recibo” de incompetência. Ele não consegue, não pode, não sabe; utiliza e pratica todos os “nãos” possíveis para se livrar de atividades que não deseja ou não se vê competente para fazê-la, sem verbalizar isso, portanto desdenha.

A pessoa que se queixa transmite energia negativa, “pesada”, faz-se (mas não se vê) como vítima. É a síndrome de Hardy Har Har: “ohhhhh vida, ohhhh azar”. Para ele tudo é pesado, difícil, custoso.

Mesmo sendo uma energia “down” é de fácil transmissão para quem não está em um dia equilibrado. E esse é um dos perigos do queixoso: a contaminação. Não é necessário estar em um momento desequilibrado da vida, bastam um dia ou algumas horas. A força interior para manter o equilíbrio e o afastamento é grande, pois é “fácil ceder” à queixa, à energia negativa e destrutiva.

A neutralização do comportamento, portanto, começa com o equilíbrio emocional, segurança, assertividade. Valorizar o outro pode ajudá-lo a se reerguer. O queixoso também precisa de um ombro amigo, verdadeiramente, que lhe diga como esse comportamento o afasta das pessoas.


Foto
"Dragão", de Chico da Silva


2 comentários:

Eloisa disse...

E quando esse colega nocivo é o próprio chefe? Como lidar com ele sem se prejudicar ainda mais?

Unknown disse...

Oi Eloisa, grata pelo comentário.

Essa é sua realidade, que pena!

Minha sugestão segue o que comentei na primeira pergunta: mantenha-se "amigável", não amiga. Evite entrar nos "joguinhos", cultive a cultura de resultados e "política de boa vizinhança", sabendo a hora de concordar e a de discordar. Nesta última utilize sabiamente as palavras para se posicionar, bem como dia e hora. Mantenha sua intimidade "blindada" e, ao mesmo tempo, conviva harmoniosamente com o grupo, ou bando... porque imagino que o "espírito de equipe" passe longe...

Abraços!
Izabel