segunda-feira

Entrevista: Comportamento dos BBBs sob a ótica empresarial




Olá!

Alguns (aliás, muitos) programas de TV não fazem parte de meu cotidiano, passam ao longe pelos meus interesses, significam absolutamente nada para mim. Não nego, entretanto, que todas as experiências de vida são passíveis de aprendizado, nem que seja para confirmarmos "não quero ser ou agir dessa forma".

No Big Brother Brasil 13 fui convidada pela jornalista Heloísa Noronha a contribuir com uma matéria. Minha primeira reação foi: "eu não assisto, não conheço os personagens". Heloísa prontamente me deixou tranquila, pois isso não seria necessário à minha participação.

A matéria ficou muito interessante, circula pela Internet e fez muita gente pensar em suas atitudes e comportamentos, pois o paralelo com a vida profissional provoca questionamentos essenciais. Mais um ponto para Heloísa Noronha! Acompanhe!

Bjs e até!


Se BBBs estivessem procurando emprego, dificilmente seriam contratados

Muitas das atitudes dos participantes do BBB13 são tão mal vistas na TV quanto na realidade. Se fossem candidatos a um emprego, e não a um prêmio de R$ 1,5 milhão, dificilmente a turma do reality show seria selecionada. Segundo especialistas entrevistados por UOL Comportamento, se as mesmas atitudes forem tomadas no mercado de trabalho, qualquer um dos participantes dificilmente evoluiria na carreira. 

Veja a seguir os escorregões dos candidatos ao prêmio.

Fani
Destempero emocional e agressividade ao expor ideias: pessoas agressivas desequilibram o ambiente profissional, desrespeitam os demais, têm dificuldade de ouvir argumentos alheios e acabam afetando o relacionamento interpessoal e a produtividade. E descarregar problemas pessoais no escritório repercute negativamente na carreira. "Se você se destempera ao se comunicar, perde a chance de ser ouvido com atenção. A resposta tende a ser também emocional ou carregada de crítica", afirma consultora e professora de comunicação Renata di Nizo. E, mesmo que o emprego seja mantido por conta da competência, dificilmente a pessoa instável será convidada para novas oportunidades,

Aline e Anamara
Interrompem os colegas e tentam impor opiniões aos gritos: no ambiente corporativo essas atitudes invalidam o mais brilhante dos currículos. "Pessoas assim demonstram desinteresse no interlocutor prejudicando o relacionamento profissional", declara Ylana Miller, sócia-diretora da Yluminarh e professora de gestão de carreiras da faculdade Ibmec (RJ). Para Caio Infante, diretor-geral da Trabalhando.com, funcionários com o perfil de Anamara prejudicam a empresa na hora das reuniões e de discutir estratégias (às vezes fazem mais barulho do que dão ideias consistentes). O tom agressivo e o volume da voz de Aline também costumam intimidar e ofender colegas, prejudicando a empatia.

Aslan e Marcello
Ouvem muito e agem pouco: pessoas como eles são discretas demais. Saber ouvir é uma característica essencial em qualquer ambiente profissional. "Entretanto, só ouvir não é suficiente. A pessoa precisa demonstrar que sabe agir e tomar decisões. Sem falar que o funcionário que não interage tem a imagem prejudicada, influenciando a trajetória profissional", diz Caio Infante, do Trabalhando.com. Para a psicóloga Izabel Failde, ouvir faz muita diferença nos relacionamentos interpessoais. "O problema é a falta de ação, que impede o alcance de metas, além do crescimento individual e do grupo", conta. Um ouvinte costuma ser lembrado apenas para desabafo; o time sabe que não pode contar com ele em ações.

Nasser
Teme tomar partido: embora demonstre certas antipatias, Nasser, na maior parte das vezes, prefere ficar em cima do muro. E, quando assume algum lado, parece preferir quem está numa posição mais segura. Quem age assim se faz passar por flexível, mas, na verdade, é volúvel e movido a interesses, segundo a consultora Renata di Nizo. "Os jogos políticos e os excessivos alinhamentos fazem parte do mundo corporativo. Porém, as pessoas estão de olho nas suas escolhas. O que elas valorizam é integridade, coerência. A preocupação excessiva em 'ficar bem na fita' denota imaturidade profissional", afirma ela.

Fernanda, André e Natália
Envolvimento amoroso e brincadeiras maliciosas desconcentram: a "Barbie" e o "Príncipe" parecem estar mais empenhados em discutir a relação do que vencer o "BBB". Há empresas flexíveis com casais, mas o desempenho dos profissionais dependerá de cada um. Ciúme, distanciamento dos colegas e indiscrição comprometem a carreira. "Tudo isso traduz-se em pouca produtividade", explica a psicóloga organizacional Izabel Failde. Já Natália, com suas brincadeiras provocantes, transmite a imagem de divertida e desinibida, mas acaba esquecida durante negociações importantes. "Profissionais que agem assim são lembrados apenas para momentos de descontração e, por isso, podem ser vistos como imaturos e irresponsáveis", diz Izabel.

Marien
Mania de perseguição, vitimização: profissionais que se fazem de "coitadinhos" criam uma dinâmica prejudicial à própria carreira, pois não assumem a responsabilidade por seus atos. Tidos como chatos, sempre estão reclamando e acham que há uma conspiração contra eles. "Colocar-se na posição de vítima é uma forma de chamar a atenção que demonstra imaturidade", declara Viviane Mourão, diretora da empresa Meta&Vida Desenvolvimento em RH. Se a pessoa não souber se posicionar, não evolui, pois os demais a verão como incapaz de assumir cargos que tenham pressão ou risco.

Kamilla
Espalhafatosa, não dá sossego e não sabe compartilhar: a consultora Renata di Nizo, da Casa da Comunicação, explica que o senso de interdependência exige do colaborador trabalhar sempre em equipe, interagir com as diferenças e contribuir para o crescimento do grupo. "Quem exige atenção em tempo integral e ainda não aprendeu a respeitar os demais e a compartilhar, acaba sendo, no mínimo, inadequado", afirma. Para Ylana Miller, do Ibmec, assim como no reality show, cada equipe tem uma dinâmica própria, que deve ser respeitada. "Profissionais que quebram a harmonia são inconvenientes, promovem conflitos e correm o risco de serem isolados", conta.

Elieser e Dhomini
Fazem piadas inconvenientes e não percebem que incomodam: profissionais que têm a necessidade de brincar o tempo todo ou que insistem em tentar copiar colegas naturalmente engraçados raramente percebem o quanto são inconvenientes. Seus colegas perdem a paciência, evitam o contato, mas eles não desistem. "Insistir nessa postura desagradável acaba gerando isolamento", afirma Ylana, professora de gestão de carreira. Segundo a consultora Viviane Mourão, o nome de quem faz piadinhas bobas e fora de hora raramente é lembrado na hora de uma promoção.

Bambam e Yuri
A arrogância da experiência: Caio Infante, diretor-geral da Trabalhando.com, traça um paralelo com o ambiente profissional e diz que conhecer bem a empresa é um ponto positivo, pois denota experiência e segurança. "Mas isso não é garantia para ser um bom profissional. Além disso, se colocar num nível acima dos demais pode gerar desunião", afirma. Principalmente se houver arrogância em relação aos iniciantes. "É melhor utilizar a experiência para ajudar os colegas. Isso, sim, pode transformar o funcionário em alguém indispensável", conta Caio. Segundo a professora de gestão de carreiras Ylana Miller, desprezar os novatos é prejudicial a si próprio, pois o profissional perde oportunidades de aprendizado.

Andressa e Ivan
Solícitos, mas nem sempre com sinceridade: oferecem ajuda para estar por dentro da vida do colega (e adoram levar e trazer informações). São aquelas pessoas que circulam entre os departamentos da empresa com a desculpa de fazer networking, mas o que desejam, na verdade, é obter informações sobre as atividades, o salário e até a vida particular dos outros. "Trata-se de uma postura que não se sustenta por muito tempo numa organização. O profissional perde a confiança dos colegas", declara Ylana Miller, do Ibmec. O falso solícito tem a necessidade de estar ciente de tudo que permeia aqueles que estão à sua volta, muitas vezes para sanar suas próprias inseguranças.

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