terça-feira

Entrevista - Novo Emprego

Olá!

Participei desta matéria interessante, feita pela jornalista Andrezza Czech do UOL, sobre o que devemos considerar ao escolher entre o trabalho atual e uma nova proposta.

Acompanhe a entrevista na íntegra.

Bjs e até!


UOL Comportamento - Novo Emprego


Andrezza Czech - O que pesar na hora de decidir? O salário deve ser o elemento principal? A ascensão profissional?

Izabel Failde - São vários os fatores a se considerar em uma nova oportunidade  profissional, dependendo do interesse individual:

1. Tipo de empresa / negócio  – capital (nacional, multinacional), porte (micro, pequeno, médio, grande), abrangência (nacional, internacional, mundial). Eu me vejo atuando com estes produtos / serviços?  Concordo e aceito a missão, a visão e os valores da empresa? Como a empresa é vista no mercado? Quem é ela? Eu me encaixo nesse mundo?
2. Possibilidade de ascensão profissional - até onde posso chegar? Em quanto tempo? Em quais áreas 
posso atuar?
3. Remuneração – salário + benefícios (legais + espontâneos da empresa). São similares ou superiores 
aos atuais?
4. Clima e perspectivas pessoais – após minha adaptação terei melhor qualidade de vida? Meu tempo 
pessoal pode ser otimizado? Conseguirei atingir meus objetivos profissionais e pessoais? Farei as viagens internacionais de aprendizado que tanto almejo?

Esses itens precisam ser considerados. O último envolve aspectos mais pessoais e íntimos e as perguntas são inúmeras. O essencial são a coerência e o equilíbrio. Decisões impetuosas, vindas de necessidades pontuais, de situações desconfortáveis passageiras podem comprometer carreiras promissoras.

Andrezza - Qual o peso dos valores e missões da empresa nessa decisão?

Izabel - Tanto missão quanto valores devem ser os mesmos ou, no mínimo, similares aos do colaborador. Valores opostos ou não aceitos levam ao estresse, a práticas com as quais o colaborador não concorda (como falta de ética, desrespeito ao ciente / colaborador, pirataria, etc.), levam  o profissional  a se desestimular e acabar por deixar a empresa.

Andrezza - Qualidade de vida deve ser levada em conta? Trabalhar mais perto de casa, por exemplo, pode compensar a pouca diferença de salário?

Izabel - Na equação “remuneração = salário + benefícios”,  itens “pessoais” como distância residência / empresa, trânsito, qualidade de vida, horário flexível de trabalho devem ser considerados. 

De forma geral o profissional não aceita mudar de empresa por salário menor, porém pode ser vantajoso se considerar todos os aspectos já citados.

Andrezza - Ambiente e afinidade com o chefe são importantes? Como avaliar se na outra empresa você vai encontrar um clima bom?

Izabel Conhecer alguém que atue ou tenha atuado na empresa é um bom início. Se não for possível, a mídia e as redes sociais são de grande ajuda. Sugiro, ainda, levantar informações no Procon e sites de denúncia /reclamações. É igualmente válido  conhecer a biografia da empresa: tempo de fundação, como começou, onde está hoje, qual sua história.

No processo seletivo é importante observar tudo: a forma como é conduzido, respeito, ética, profissionalismo e consideração ao candidato. Caso a seleção seja feita na própria empresa, a avaliação dos ambientes e colaboradores que já atuam também pode ser significativa. Portaria ou Recepção, por exemplo, são bons indicativos. Se o primeiro ambiente de contato com o “mundo externo” for sujo, descuidado, com pessoas mal humoradas, desinteressadas, sem profissionalismo, a possibilidade disso se repetir no ambiente interno é muito grande.

Todas essas informações, juntas, são uma boa base para tomada de decisão.

Andrezza - Se você está trabalhando há pouco tempo na empresa, vale sair? Ficar pouco tempo em cada trabalho pode ser ruim para sua imagem?

Izabel - Ao mesmo tempo em que tudo é válido (porque grandes oportunidades podem aparecer várias vezes na vida), é preciso manter o equilíbrio e o foco na carreira. A mudança de empresa considerando apenas salário é comum, felizmente os profissionais têm se dado conta que o troca-troca pode manchar sua imagem no mercado.

O que as organizações esperam? Profissionais comprometidos, éticos, responsáveis. Mudar de empresa por algo muito superior ao que o colaborador tem no momento é mais facilmente aceito e compreendido. Trocar “seis por meia dúzia” de forma geral fecha as portas para a empresa que se deixa.

Tudo pode... nem tudo deve...


Andrezza - Só se deve avisar o atual chefe que você recebeu outra proposta se tiver certeza de que irá sair?

Izabel - Não há regras para isso. Conhecendo bem a empresa em que atua, o colaborador tem condições de saber se pode ou não falar sobre sua participação em um processo seletivo.

Se o relacionamento interpessoal e a aceitação da empresa / líder permitirem, sugiro o diálogo, pois dificilmente alguém plenamente satisfeito com a empresa atual se dispõe a participar de algum processo seletivo.

Caso haja restrições, sugiro a participação velada no processo que inclui sigilo e confidencialidade. Não falar na empresa e divulgar nas mídias sociais, além de antiético demonstra falta de inteligência e percepção!
Para estes casos as entrevistas devem ser feitas fora do horário do expediente. Ao se mostrar responsável e
comprometido com a empresa  atual, a organização interessada levará isso em conta e muito provavelmente abrirá horários alternativos para que este profissional participe do processo. Ou seja, o compromisso atual é muito bem visto no mercado.

Também sou contra “leilões vazios”, onde o colaborador “joga” com dois lados. Pode se dar mal e ficar sem nenhum trabalho!

Andrezza - Se seu empregador atual lhe diz que tentará uma contraproposta, mas você decidiu mudar mesmo assim, vale esperar ou é melhor não segurá-lo?

Izabel - Se decidiu mudar sem conhecer a contraproposta, é sinal que nada o fará mudar de ideia. Possivelmente há um desgaste no relacionamento ou as rotinas estão em nível de saturação máxima. Assim, é melhor encerrar esse contrato e passar para outro.

É possível que o profissional esteja tentado a mudar de empresa, por outro lado sente-se muito bem onde está e gostaria de ser mais valorizado. Nestes casos uma conversa honesta pode ser essencial para que ambas as partes fechem um ótimo acordo.

No caso das empresas que só dão valor ao colaborador  quando o perdem (ou quase), é válido ouvir a contraproposta e decidir posteriormente. Para isso é necessário ser coerente, equilibrado, evitar arrogância e distanciamento, ou seja, ser profissional.

Andrezza - Se decidir sair, como deixar as portas abertas na antiga empresa e não se queimar com o chefe?

Izabel - As portas abertas iniciam-se no momento da entrada na empresa. Sua trajetória será lembrada no momento da saída e poderá ficar na memória da empresa por longo tempo. É por isso que conhecemos inúmeros casos de profissionais que retornam às empresas anteriores, após algum período de afastamento.

Vale a pena manter a integridade no processo de desligamento, que vai além do “até logo” final. Respeito à organização, às suas práticas, valores, missão e colegas; ética para com projetos, processos e trabalhos realizados; transferência de informações, projetos e demais atividades em andamento. A manutenção da coerência, respeito, ética, compromisso sempre deixam as portas abertas.



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